sexta-feira, 15 de novembro de 2013

UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA PARA UMA IGREJA SOFREDORA

“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações.” (I Pe. 1:6)

             Este título não é meu, vem de uma antiga apostila quando estudava esta primeira epístola de Pedro no seminário. Esperança é o que mais necessitamos em tempos de tribulação. A nossa insuficiência aflora junto a sentimentos de incapacidade. Desperta-nos a consciência ao percebermos o quanto a nossa força é pequena e o quanto somos dependentes de circunstâncias favoráveis para sermos felizes e altruístas.
            Temos a nítida impressão de que tudo quando fizemos na vida, todo o nosso esforço para nos preparar para tempos difíceis, de nada serviram para o momento. Todo sofrimento parece transformar o tempo em eternidade. A impressão que se tem de que ‘isso não acaba nunca’, provoca desânimo, tristeza e autocomiseração.
            Tempos difíceis nos leva a focar no que se perdeu, fortalecendo a sensação de que nada valeu a pena. Tudo foi desperdiçado. Se continuarmos enfatizar dor e sofrimento, a depressão aporta impiedosamente. Tudo fica escuro, sem saída, sem solução, é o fim! Imaginamos.
            Nesse momento, então, é que precisa surgir algo bem maior e superior a todos estes sentimentos de derrota. É a hora da esperança, porque sempre há esperança! Ela é inesgotável! Ela é a âncora da fé. A fé se estabiliza, se firma, se concretiza através das amarras da esperança.
            O apóstolo Pedro escreve “aos eleitos que são forasteiros da Dispersão” (I Pe. 1:1). Que pode ser traduzido como “aos eleitos refugiados da Diáspora”. Ou seja, cristãos que, por causa das perseguições, perderem tudo e tiveram de buscar refúgio em outras regiões, países e cidades. Vítimas de preconceitos foram banidos de seus lugares.
            Em seguida S. Pedro afirma: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, ...nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (vs. 3).
            Temos de levar em conta duas considerações principais. A primeira sobre o que eles perderam ao tornarem-se cristãos. Foram banidos e perseguidos; com relação à comodidade, perderam bens materiais, o conforto de suas casas já estabelecidas, amizades antigas, o convívio social, e assim por diante.
            A segunda consideração recai sobre o que eles ganharam ao pagar o preço de se tornarem cristãos. Foram contemplados com a “viva esperança”.Que é entendida como uma esperança autêntica, segura, firme, verdadeira. Ou seja, eles já saíram ganhando ao trocar coisas banais, perecíveis e passageiras, por aquilo que é eternamente duradouro. Posto que se refere ao tipo de esperança que suplanta a morte (“mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”). Sabendo que o Senhor Jesus Cristo deu o maior exemplo desta viva esperança, enfrentou a morte na esperança da ressurreição.
            Na continuação do texto ele descreve a finalidade da esperança: “para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (vs. 4). Ou seja, nem mesmo a morte, a pior das tragédias humanas, poderá roubar esta viva esperança. Muito pelo contrário, por dela entramos na plenitude do gozo eterno, inabalável, imperturbável.
            Continuando motivar os fiéis, ele assegura: “que sois guardados pelo poder de Deus” (vs. 5). Esta é a descrição do poder absoluto, inviolável, impenetrável e imbatível, na completa acepção dos termos, que garante a infalível concretização da esperança. O próprio Deus é quem confere autenticidade à“viva esperança”.
            Portanto, irmãos, sofrimentos, tribulações, perseguições, provações, encalços, aflições, desgostos, são substantivos presentes no dicionário da vida cristã. Não temos de estranhar quando as dificuldades chegam na nossa vida. Nem pensar que Deus ou nos abandonou ou está nos punindo.
            Simplesmente faz parte da vida cristã enfrentar todo tipo de oposição que se apresente. Ao combater o mal sofremos retaliações. Os sofrimentos de Cristo são analogias aos nossos. Pedro escreve: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (2:21).
            A partir daí ele descreve quais foram as atitudes de Jesus Cristo ao enfrentar os reveses da vida: “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma” (2:22-25).
            A entrega costumeira do que estamos enfrentando a Deus vem fortalecer e reafirmar a nossa esperança. Sabemos que Deus toma providências, que Deus já está agindo em nós, preparando-nos e educando-nos para aprendermos ter atitudes maduras e, deste modo, crescermos nas nossas áreas deficientes.
            A esperança deve manter-se viva e ativa contra todas as probabilidades negativas que venham nos assaltar.
Rev. Miguel Cox